quinta-feira, 13 de maio de 2010

ENSAIO DE CONTO

Memória e esquecimento



Demorou. Foram dias desmedidos com uma dor só possível aos puros. Dias únicos. Impossível descrever com exatidão de onde vinha a dor. Ele não a amava. Nunca se deixava ficar no território sagrado da paixão. Desdenhava do amor. A moça sofreu. Nada sabia do amor além de senti-lo e como doía. Não era gozo ou sexo. Daí o inexplicável. Ela permaneceu amando e vivendo. Um dia percebeu que amara em demasia a possibilidade do amor. Os detalhes esquecidos eram tão intensos, quanto os jamais esquecidos. Neste dia ela perdoou.

terça-feira, 4 de maio de 2010

NÃO É UM BOI VENDO OS HOMENS

Olhos abertos

quatro da manhã

O mundo

Parecia dormir

Cheiro de café

Domina o ar

Cortado por ônibus

corrente sem fim

tantos  ritos

Despertador, preguiça

Água, dentrifício

Pente

café e hortelã

Se misturam no céu da boca

Por segundos

Buzinas aumentam

seis horas

Longe o prefixo da emissora

O prédio começa a pulsar

Talheres, copos

Vozes

Liquidificadores

( e mais cheiro de café)

Bater de portas

janelas

Há sol

( o que estarão fazendo os índios?)

Mais água corrente

Batom , perfume

Lâminas de gillete

Aromas

Travesseiros e guarda roupas

Potes de café

Digitais e significados

Não é um boi

Que vê os homens.





Voltando a postar material, perdoem a demora!