Inatuais esperanças
sábado, 7 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
ENSAIO DE CONTO VERSÃO 2*
DE VOLTA A REDE
Gracias a la vida
Violeta Parra
Gracias a la vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado el oído que en todo su ancho
graba noche y día grillos y canarios
martillos, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abecedario
con él, las palabras que pienso y declaro
madre, amigo, hermano
y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos
playas y desiertos, montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano
cuando miro el bueno tan lejos del malo
cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida, gracias a la vida
Vejam o vídeo co Mercedes Sosa
quinta-feira, 13 de maio de 2010
ENSAIO DE CONTO
Demorou. Foram dias desmedidos com uma dor só possível aos puros. Dias únicos. Impossível descrever com exatidão de onde vinha a dor. Ele não a amava. Nunca se deixava ficar no território sagrado da paixão. Desdenhava do amor. A moça sofreu. Nada sabia do amor além de senti-lo e como doía. Não era gozo ou sexo. Daí o inexplicável. Ela permaneceu amando e vivendo. Um dia percebeu que amara em demasia a possibilidade do amor. Os detalhes esquecidos eram tão intensos, quanto os jamais esquecidos. Neste dia ela perdoou.
terça-feira, 4 de maio de 2010
NÃO É UM BOI VENDO OS HOMENS
quatro da manhã
O mundo
Parecia dormir
Cheiro de café
Domina o ar
Cortado por ônibus
corrente sem fim
tantos ritos
Despertador, preguiça
Água, dentrifício
Pente
café e hortelã
Se misturam no céu da boca
Por segundos
Buzinas aumentam
seis horas
Longe o prefixo da emissora
O prédio começa a pulsar
Talheres, copos
Vozes
Liquidificadores
( e mais cheiro de café)
Bater de portas
janelas
Há sol
( o que estarão fazendo os índios?)
Mais água corrente
Batom , perfume
Lâminas de gillete
Aromas
Travesseiros e guarda roupas
Potes de café
Digitais e significados
Não é um boi
Que vê os homens.
Voltando a postar material, perdoem a demora!
sábado, 27 de março de 2010
POEMAS PARA CRIANÇAS
A LAGARTINHA
Lara
É uma lagarta pintada
Nascida
Em Pindamonhangaba
Tão distraída
Que Mara e Eulália
Suas irmãs
Gritam de tarde
E, às vezes, de manhã
___ Lara o que você espera sentada?
A lagartinha nem ouve
Fica lá
Espreitando o arco-íris
Sonhando em ser lilás
Rosa ou anis.
LARA, A LAGARTINHA
Lara,
A lagartinha
Não tinha patinhas
Tinha pintas verdes
E não amarelas
A lagartinha
Era diferente
De toda gente
- gente lagarta –
E ela nem ligava
Adorava
As pintas verdinhas
E se arrastar por aí
Feliz
Por ser diferente
E assustar a toda gente
Gente lagarta
Obs:
Dedico este post a minha amiga Lara Macário . . . uma menina para lá de especial que mora no meu coração.
terça-feira, 2 de março de 2010
Nossa... saudade
sábado, 20 de fevereiro de 2010
GATOS
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Cult movie: cada um tem o seu?
Cult movies são aqueles filmes que arrastavam multidões aos cinemas várias vezes. Muitos de vocês devem ter perseguido pelo menos algum filme na TV aberta para rever. Mesmo que tenha sido os filmes de Jerry Lewis ( nada contra ele). Qualquer filme pode ser Cult. Mas, em geral, os cults comovem multidões décadas a fio.
Tais filmes talvez estejam em extinção. Muitos deles passavam nas antigas sessões noturnas de TV aberta, tais como Cine Clube (legendados) e Classe A (dublados). Durante a década de 1980 era comum que as madrugadas das quartas-feiras fossem frequentadas por Fred Astaire, Frank Sinatra, enquanto nas madrugadas de domingo via-se de tudo, inclusive Bergman, cinema russo, italiano e muita Hollywood das décadas de 1930-1950.
Com o advento da fita cassete – revolucionária para indústria cinematográfica - levamos o cinema para dentro de casa. Podíamos colecionar ou alugar filmes. Daí para o DVD e as cópias baixadas na rede antes do filme chegar aos cinemas foram alguns anos. A noção de Cult movie permanece ou modifica-se?
Francamente eu nem sei se a indústria cinematográfica ainda criará cult movies. Titanic (1997) de James Cameron talvez tenha sido o último, aliás não faz parte da minha lista. Nos circuitos alternativos de cinema surgem muitos candidatos, mas poucos viram cult. Os cults têm uma característica que destoa da modernidade líquida descrita por Zygmunt Bauman. Atualmente os filmes parecem ser feitos para serem esquecidos e se consumirem mais filmes e produtos ligados a eles, de jogos de vídeo game a roupas.
Durante algum tempo os filmes foram feitos para durar ou serem, no mínimo, inesquecíveis. Sei que diretores e produtores de todo mundo fazem filmes como obras de arte. Mas o cinema como parte da indústria cultural reflete esta fluidez que leva ao consumo; o filme vira uma mercadoria (?). Os cults movies embora ainda possam existir não “arrastam” as multidões, mesmo porque o prazer de sentir-se tocado por algo no escuro do cinema esvai-se.
Restam alguns filmes que são cult: atravessam o tempo amados e revistos, sempre. Você pode ver “E o vento levou. . . ” (1939) e não gostar dele, mas algo o tocará. O filme tem vitalidade e charme. Blade Runner (1982) fracassou nas bilheterias, mas fez uma carreira paralela entre cinéfilos e tornou-se clássico, para quem gosta de ficção científica é um filme extraordinário.
Mas, meu cult não é do cinema colorido. Rebecca (1939), o primeiro de Hitchcock filmado nos EUA, é preto e branco, tem bela fotografia, boa trilha sonora. Envelheceu bem, pois caso você se deixe envolver pelo clima de mistério e leve sensualidade se sentirá nos corredores de Manderley. Verá que o filme envelheceu bem com Laurence Oliver e Joan Fontaine brilhando, notadamente a jovem atriz em início de carreira. Afora Judith Anderson – a governanta de Manderley - uma coaqdjuvante espetacular que quase rouba o filme para ela.
Pertence a categoria dos filmes vistos na TV aberta quando eu tinha por volta de 15 anos. No Cine Clube domingo a noite meu pai sugeriu que assistisse ao filme que estava passando e fez elogios a história. Fiquei encantada com o que vi. Não me perguntem o motivo. Posso escrever mais sobre isso depois.
Antes que eu esqueça: Qual o seu Cult movie?
OBS1: Ganhei de presente de uma amiga (Suzana Magalhães) uma fita cassete de Rebecca (que ainda está comigo) e recentemente ganhei de outra amiga (Lia Bezerra) o DVD original.
OBS2: Dedico este post a meu caríssimo amigo Erasmo Ruiz, grande apreciador de filmes antigos e intelectual raro.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
“Que coisa horrível a felicidade”
“Que coisa horrível a felicidade”
(ouvi esta frase de alguém que talvez acreditasse nela . . .)
Esta frase me soa como charada, como presença de outro tempo.
Gilberto Gil diz:
Quando a gente tá contente
Nem pensar que tá contente
Nem pensar que tá contente a gente quer
Nem pensar a gente quer
A gente quer, a gente quer
A gente quer é viver. . .
Eu digo:
Desejo “desejar viver” pela vida afora. Gostar do caminho, tanto quanto do fim da viagem. Inspirar mesmo com pouca fé e com todo o medo. Ter coragem ou não precisar tanto dela. Desejo apreciar um bom café ou um sabor diferente. Gostar de um novo perfume. Conversar mais com meus amigos e minhas amigas. Rir mais, viajar mais. Ser mais generosa. Ouvir mais João Gilberto. Dançar. Ver o mar e filmes no cinema comendo pipoca. Quero coisas simples este ano e começar a conquistar coisas bem difíceis. E mais que tudo: ter a quem amar, sempre.
(Dedico este post a Jorge Luis Borges. . . quem conhece a sua poesia sabe o motivo)